Sem saber direito o que tem
acontecido no mundo por esses dias (tenho estado bastante ocupado com
atividades de final de curso de pós-graduação), acabei parando pra dar um
olhada nos acontecimento, e acabei me detendo em uma constatação curiosa. Ao
que parece o movimento contestatório dos últimos dias se ampliou para além da
questão da tarifa do transporte público. Recebi um post com foto no facebook que
alertava: "É o empresário que leva este país pra frente. Menos tributos!".
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), hoje, em encontro com o
Movimento do Passe livre, informou que a redução das tarifas só seria possível com
remanejamento de tributos (Haddad disse que 70% dos impostos municipais são
destinados, conforme a Constituição, à saúde e à educação - segundo ele, se o
Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana fosse dobrado, as
tarifas seriam reduzidas em 50%). Uma das manifestantes disse discordar em
relação à questão do remanejamento dos impostos: "A gente tem que tirar
lucro dos empresários".
Semana passada, a polícia militar
do Estado de São Paulo, do Governador Geraldo Alckmin (PSDB), desceu o cacete nos
manifestantes contrários ao aumento da tarifa.
Na abertura da Copa das Confederações,
a presidenta Dilma foi vaiada por uma população pagante de ingressos elitizados.
Outro grupo, ainda, protestava contra os gastos da Copa, e obteve a seguinte resposta
da Presidência: "se é um sentimento de que a Copa não é adequada, vamos
informar qual o investimento que fizemos nos Estados em infraestrutura". A
ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência afirmou que
"a presidente considera que as manifestações pacíficas são legítimas e são
próprias da democracia e que é próprio dos jovens se manifestarem".
Segundo Haddad, em São Paulo,
apenas 10% do transporte é subsidiado pelos empresários, enquanto 20%, pela
prefeitura e 70% pela população. O ideal, segundo o prefeito, seria que a
participação dos empresários aumentasse para um terço. O Prefeito disse ainda que
nunca utilizou "a palavra vândalo, baderneiro, isso não faz parte do meu
vocabulário político", em clara referência ao governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB), que, ao falar sobre um protesto na semana passada,
disse que era “intolerável a ação dos baderneiros”.
Outro post, alertava que
"visita do papa Francisco ao Brasil deverá custar quase R$ 120 milhões aos
cofres dos governos federal, estadual e municipal." Notícia recente do
Estadão informava que "Católicos se concentram em bairros nobres" de São
Paulo.
O Governador Geraldo Alckmin
argumentou que o valor da tarifa deveria ficar em R$ 3,30, dez centavos a mais,
caso houvesse o repasse do IPCA, e que o reajuste deveria ter sido feito em
janeiro. "Não fizemos o reajuste a pedido do governo federal. Durante seis
meses o governo de São Paulo bancou o subsídio", disse o governador, que
participa em Campinas de um evento de anúncio das obras de prolongamento do
anel viário da cidade.
Enfim: Empresários contra o
governo, manifestantes contra o governo e contra os empresários, governo contra
governo, polícia a favor do governo dos empresários contra manifestantes, torcedores
pagando ingressos vultosos e torcendo por jogadores ricos em eventos milionários,
e os católicos aguardando o Papa em suas residências de luxo no Jardim Paulista.
Deixei passar alguma coisa?
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