15 de março de 2009

A NATUREZA e as catástrofes (Deus?)

Em minha perspectiva de mundo ideal, a sociedade viveria em perfeita harmonia com o meio em que vive. Dentre suas leis, teria em alta consideração uma lei natural, a da ação e reação, onde todas as atitudes individuais, por mais insignificantes que pareçam, têm que ser tomadas com responsabilidade, pensando-se nas conseqüências para a coletividade da qual é parte. Alguns índios costumam chamar ao ambiente que os cerca de “sua outra metade”, pois sabem que sem esta sua “outra metade” eles sequer estariam vivos. Quando destruímos o relevo ou a vegetação de determinado local, o equilíbrio natural é afetado. Como conseqüência, vários acidentes naturais podem ocorrer (enchentes, desmoronamentos, secas, tempestades, etc). O homem de perspectiva coletivista considera que a Natureza existe em estado de impessoalidade - na hora de avisar que seu equilíbrio está abalado, muitos poderão até morrer, bastando para isso que estejam no caminho de sua manifestação (ou “sua ira” como é comum pensarmos). Podemos então comparar seus fenômenos com o comportamento de um Deus, porém, muito diferente de um Deus que estaria sempre disposto a perdoar, ou um Deus que, em troca de um comportamento pré-definido de alguns, zelaria por sua proteção. Mas, de fato, a Natureza é indiferente ao fato de você ser uma formiga, um musgo ou um ser humano, pois quando estamos falando sobre sistema, sabemos que todos os componentes têm suas funções. E uma atitude errada, individualista, poderá comprometer o funcionamento de todo o sistema. E de tempos em tempos, uma catástrofe natural, sem motivos aparentes, tirará algumas vidas, afinal, as necessidades da Natureza não podem se submeter à existência de algumas espécies que habitam um determinado local – o que se diferencia bastante da idéia de um Deus protetor dos homens.

Paulo A C B Jr, 2001

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"Quem matou o artista? Há assim várias hipóteses. E também vários suspeitos. Foi o martelo do operário? Ou foi apenas um acidente de trabalho? Foi a caneta do burocrata? Ou se intoxicou com a tinta dos carimbos? Ou foi o giz da sala de aula? Foi uma bala perdida? Ou ela era direcionada? Ou talvez tenha morrido de fome, para aumentar os lucros dos investidores?


O artista morreu, mas se recusa a ser enterrado
Levanta-se do caixão e corre desatinado
Nu pelos campos
Causando espanto entre as velhas senhoras da sociedade
As pessoas se espantam e gritam
E os senhores engravatados se reúnem:
O artista só faz perturbar a ordem!
E isso não é bom para os negócios
Quem vai conseguir enterrar o artista
e conseguir enfim estabelecer a ordem no mundo?

O artista tem o peito aberto
Por onde escorrem-lhe as entranhas
É agora um zumbi, um verme, um corvo
Transformando o podre em nova vida
E produz mau cheiro
Chafurda a morte
Tem um vômito ácido
Mas toma um Sonrisal® e segue em frente

Já não tem fígado ou pulmão
E o coração está em pedaços
E ainda assim, de suas tripas espalhadas,
Constrói sua obra-prima"


(Paulo A.C.B.Jr)