15 de março de 2009

VIDA APÓS A MORTE

Desde que o homem é homem (e ninguém sabe ao certo o exato momento em que isso aconteceu) ele teve curiosidade de saber o que havia depois da morte. Não sei se outros animais se preocupam com isso. Mas o fato é que esta é uma curiosidade natural, e faz parte do comportamento investigativo do ser humano (comportamento este que, segundo os pesquisadores, teria lhe garantido o diferencial na luta pela sobrevivência). Então as pessoas costumam querer saber o que acontece quando a gente morre. Eu diria que é provável que nunca saibamos exatamente. Aliás, talvez seja impossível provar se há ou se não há alguma vida após nossa morte, visto que não deixa nenhum rastro cientificamente detectável.

O QUE ACONTECE CIENTIFICAMENTE: Você vive depois da morte!

Quando uma pessoa morre, ela deixa para o mundo ao seu redor várias coisas: seus genes, a matéria que formava seu corpo, suas idéias, bem como as conseqüências de todos os atos que tomara em vida. São, assim, diversas as maneiras que dispomos para viver além de nossa existência material. Como poderíamos dizer, por exemplo, que indivíduos como Benjamin Franklin, Santos Dumont ou Isaac Newton estariam mortos se suas maiores obras influenciam ainda hoje todo o nosso modo de vida? Ou outros ainda como Hitler, cujas idéias estão ainda presentes em diversos indivíduos e grupos de extrema-direita. Poderíamos dizer que até mesmo Jesus Cristo encarnaria suas idéias em algumas pouquíssimas pessoas durante os séculos (pessoas essas que não são assim reconhecidas, já que estamos esperando por um Cristo que faça milagres). Assim também acontece quando passamos para frente os ideais aprendidos com nossos antepassados. Da mesma maneira os nossos genes, ou seja, informações de nosso corpo físico, nossa aparência, nosso sangue, que são passados para as futuras gerações (caso tenhamos filhos). E assim também acontece com nossos atos, afinal, tudo que fazemos tem conseqüências e influenciará em maior ou menor grau a vida das outras pessoas, desde o simples ato de ir ao caixa de um banco, ou jogar um papel de bala no chão, ou ir trabalhar, ou estudar... tudo acaba exercendo uma influência ao mundo ao nosso redor, modificando-o. E, à medida que isso acontece, nossos próprios comportamentos vão sendo modificados por ele. Assim o ciclo se restabelece. Desta forma, todos os nossos atos se perpetuarão para além de nossa existência física. Poderíamos então dizer que viveríamos após a nossa morte, na conseqüência de nossos atos (se forem bons, seria o nosso paraíso pessoal, e se forem maus, seria o nosso inferno). Não podemos esquecer ainda do nosso corpo, que é completamente transformado pela natureza e depois retorna a ela sob a energia que mantém vivas as plantas (quem não gostaria de ser eterno assim?)


Seria possível um dia a gente dizer conscientemente que está morto de verdade? Teríamos consciência ao estar morto, ou nossa consciência existiria apenas enquanto existisse o corpo vivo? “Quando morremos viramos uma hipótese”, já teriam dito certa vez, e não temos meios de saber com certeza se vamos ter consciência ou qualquer tipo de vida após a morte. Talvez nunca saibamos. Assim, o ser humano permaneceria eternamente nesta dúvida, somente saciada pela fé, e isso alimentaria as religiões ainda por um bom tempo. E creio que a fé existe exatamente porque existem coisas que não podem ser provadas. Contudo, eu diria ainda que, apesar de ser um assunto interessante, não é esse o ponto que mais deveria preocupar o ser humano. Melhor seria, a meu ver, se ao invés de indagar o que “poderia” acontecer com ele depois da morte, se preocupasse mais com o mundo que o rodeia em vida (e isto se aplica à esmagadora maioria das pessoas).


(Ainda que haja notícias acerca da existência de grupos de cientistas com resultados iniciais aparentemente animadores sobre a existência de consciência fora do corpo, a precaução e o bom senso obrigar-nos-á que se esperem resultados mais conclusivos.)

Paulo A C B Jr (16/11/2000)

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"Quem matou o artista? Há assim várias hipóteses. E também vários suspeitos. Foi o martelo do operário? Ou foi apenas um acidente de trabalho? Foi a caneta do burocrata? Ou se intoxicou com a tinta dos carimbos? Ou foi o giz da sala de aula? Foi uma bala perdida? Ou ela era direcionada? Ou talvez tenha morrido de fome, para aumentar os lucros dos investidores?


O artista morreu, mas se recusa a ser enterrado
Levanta-se do caixão e corre desatinado
Nu pelos campos
Causando espanto entre as velhas senhoras da sociedade
As pessoas se espantam e gritam
E os senhores engravatados se reúnem:
O artista só faz perturbar a ordem!
E isso não é bom para os negócios
Quem vai conseguir enterrar o artista
e conseguir enfim estabelecer a ordem no mundo?

O artista tem o peito aberto
Por onde escorrem-lhe as entranhas
É agora um zumbi, um verme, um corvo
Transformando o podre em nova vida
E produz mau cheiro
Chafurda a morte
Tem um vômito ácido
Mas toma um Sonrisal® e segue em frente

Já não tem fígado ou pulmão
E o coração está em pedaços
E ainda assim, de suas tripas espalhadas,
Constrói sua obra-prima"


(Paulo A.C.B.Jr)